Wednesday, December 17, 2008

Há lagrimas nas estações


Há lágrimas nas estações. Não por causa das despedidas. São os retornos os mais terríveis. Porque há a história duma cara que te toca profundamente no coração. É um continente que surge, que deixaste no verão, e que volta durante um inverno, lavrado pelos anos e pelas hesitações. É magnífica uma cara que a história marcou com seu ferro e fogo.
Os abraços dos retornos são desajeitados. As mãos, os braços crêem estreitar ombros que reconheçam, quando são pedaços de gelo, transidos pelo medo e pela estranheza que se deixam enlaçar. Há um hábito de gestos que se pareça reencontrar imediato, como se o tempo não tivesse existido; mas é mais que um corpo, o tempo e um espaço que se deve estreitar nos braços; o espaço dum exílio, com florestas, quilómetros de florestas e estradas misturadas com sonhos de ausência, e tudo isso não se pode estreitar num gesto sòzinho.
Estes abraços nas estações quando um homem e uma mulher se reencontram é o gesto o mais terrível que cada um tenha um dia de viver. Os braços parecem dois remos que tentem atravessar o mar num movimento único... Mas a emoção não pode, em si mesma, suprir as distâncias percorridas por dois mundos que derivavam um do outro por tanto tempo. ....


tancredo infrasonic

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