Wednesday, December 31, 2008

Partir


Sartre disse no seu Esquisse d'une théorie des émotions:
“Não fugimos para pôr-nos em segurança: fugimos porque não seja possivel de aniquilar-nos desmaiando. Fugir é um desmaiar fingido, um comportamento mágico, sim negar o objeto perigoso com o nosso corpo inteiro, em que voltamos a estrútura vectorial do espaço em que vivemos criando uma direcção potencial, sim para o outro lado."
(trad. libre por tancredo infrasonic)

Sonho que puder partir. Correr mundo livremente como as estrelhas no meu céu interior. Partir!

tancredo infrasonic

Tristesse



“Aux frontières de l’animalité et de la symbolicité, les humeurs – et la tristesse en particulier – sont les réactions ultimes à nos traumatismes, nos recours homéostasiques de base. Car s’il est vrai qu’une personne esclave de ses humeurs, un être noyé dans sa tristesse, révèlent certaines fragilités psychiques ou idéatoires, il est tout aussi vrai qu’une diversification des humeurs, une tristesse en palette, un raffinement dans le chagrin ou le deuil, sont la marque d’une humanité certes non pas triomphante, mais subtile, combative et créatrice…”

(Julia Kristeva, Soleil noir, dépression et mélancolie)

Monday, December 29, 2008

Lisbon Revisited (1923)


Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul - o mesmo da minha infância -
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

The future (Leonard Cohen)

Sunday, December 28, 2008

A terra nosso jardim


Temos de aprender dos animais e das plantas que desaprendíamos por nós mesmos regateando o génio próprio.
A terra é o nosso jardim. Cultivar-lo para o encanto dos sensos e segundo o ritmo das estações que também sejam as estações da vida, isso é a obra que funda a nossa eternidade.

tancredo infrasonic

Saturday, December 27, 2008

Ce qui renaît à la vie


Nous n'acceptons du monde que ce qui renaît à la vie.
Nos désirs n'auraient pas de fin si nous ne mettions tant de soin à leur en assigner. L'ignorance dont nous les entourons abrite le plus souvent la vocation de nous abîmer en regrets. C'est ainsi que la mort vient avant l'heure.

À mieux connaître nos obligations que nos privilège, nous souscrivons plus volontiers aux lois qui nous dégradent qu'à la revendication de plaisirs qui nous confortent à vivre. Piètre civilisation qui voit dans la mort ce qui épuise la vie et non ce que la vie épuise.

Friday, December 26, 2008

Deus sive Natura


"Dieu, c'est-à-dire la Nature", Que de contresens sur cette formule célèbre! Tantôt Spinoza est panthéiste puisqu'il fait de la Nature un Dieu, tantôt il est athée puisqu'il réduit Dieu à la Nature. Tout cela pour ne pas comprendre ce que nous appelons "la réalité", cest-à-dire cette totalité infinie dans laquelle nous nous situons intuitivement, subsistant par elle-même, sans le secours de rien d'autre, le vocabulaire de l'époque ne peut que l'appeler "Dieu" (substance infinie, unique, autonome) ou la "Nature" (l'ensemble des choses soumis à une certaine régularité). Spinoza ne fait ici que pousser à sa limite le rationalisme d'un siècle qui, à vouloir sauver Dieu, en accèlera la mort.

All things excellent

Jan Vermeer - View on Delft

“If the way which I have pointed out as leading to this result seems exceedingly hard, it may nevertheless be discovered. Needs must it be hard, since it is so seldom found. How would it be possible, if salvation were ready to our hand, and could without great labour be found, that it should be by almost all men neglected? But all things excellent are as difficult as they are rare
(Spinoza, Ethics V).

In 1632 both the painter Vermeer and the philosopher Spinoza were born in Holland. The first lived in Delft, the second in Amsterdam and The Hague. It certainly isn't obivous to say that next to this outer acquaintance between both men, there is a certain relationship in their work. The paintings of Vermeer are able to express the idea of substance, in relation to the idea that all is one, in a most impressive way: the space of these paintings seems to give a view on all spaces as thus and the light in it is not separated substantially from what it illuminates.
"Determinatio est negatio" says Spinoza, to determinate is to ignore. Every concept is determinated through the difference with other concepts, through what it is 'not'. It only takes through its place in the whole a distinct shape, the totality is given before the entity. And as such also the things painted by Vermeer aren't constructed out of pieces, but seem to deem up from the totality of the canvas in the light, the painted lightpoints order their significance only by the whole.

Clear and distinct ideas

Nicholas Poussin, Eliëzer and Rebecca, 1684

In France the paintings of Poussin are often considered as the artistic counterpart of the philosophy of Descartes. In both their work rules clearness, 'des idées claires et distinctes' , distinctness and rationality, as in a mathematical-geometrical plan one detail goes over into an other to give significance to the events. The subjective contribution of the spectator is also reflected: in the painting above the pillar with a globe on the right and the high building on the left have through symmetry and similarity a relationship with each other. Through this the perspective space is flattened. Depth appears in the contemplation of the spectator, it can be forwarded but also ignored by favouring the action of the different levels.

Esquecer


Onde posso deixar o filme da história da minha vida? Em que buraco negro do universo posso esconder os pedaços das palavras, promesas, pedaços infimas de gestos e momentos de prazer onde possam desintegrar-se de tédio e de cansaço. Esquecer é isso, um buraco negro onde os amores do passado estejam cansado de brilhar, se encerrem e desaparecem para sempre.

tancredo infrasonic

A água (2)

[Photo Corinna Rosteck]

A água é um simbolo materno porque dela a natureza se alimenta; ela é o leite da terra inteira. A água do mar, enriquecida pela acção vital dos seres microscópicos que contém, é uma água animal, um primeiro elemento. O mar é um lugar cósmico, anónimo, de onde toda a vida saiu; "c'est pourquoi C.G. Jung voit en elle le symbole par excellence de l'inconscient collectif, à savoir ce qui, dans nos souvenirs, dépasse le monde de l'enfance et même les fantaisies de retour au sein maternel, pour rejoindre les structures archaiques pré-uterines communes à l'espèce, sinon à beaucoup de formes de vie." (Raymond de Becker, Le sexe n'est pas la seule clé) "The sea: the mother of all life."
Além de alimentar, a água embala; é o unico elemento que tem a propriedade de ritmadamente marcar um movimento que fala ao coração, "c'est le mouvement presque immobile, bien silencieux. L'eau nous porte. L'eau nos endort. L'eau nous rend notre mère." (Gaston Bachelard, L'eau et les rêves)
Sentimentalmente, portanto, a água é uma projecção da mãe; "la mer est pour les hommes l'un des plus grans, des plus constants symboles maternels."(ibid). Venerar é respeitar a infinitude e a majestade do mar, elemento que preside à essência da vida, é dar um sentido objectivo à infinitude do amor pela mãe.
Compreende-se agora porque é que o mar, mais uma vez, eleva à categoria de simbolo. Na poética do Álvaro de Campos sensacionista, o mar tem a força de um adversário com quem é obrigatório medir-se; todos os outros têm a tranquilidade que se vai fundir com um regresso ao seio materno, a uma existência uterina. O simples facto de Álvaro de Campos escolher o mar para ilustrar uma determinada teoria poética, e não optar, por exemplo, pela tempestade a que se segue a calmaria ou por uma paisagem terrena de montanhas e vales, é só por si uma acusação: é o testemunho duma tendência inconsciente que Pessoa tem para eleger uma água que só é um espcectáculo consciente depois de ter sido uma experiência onírica.

[Maria da Glória Padrão, A Metáfora em Fernando Pessoa]

Wednesday, December 24, 2008

Natal


Nasce um deus. Outros morrem. A Verdade
Nem veio nem se foi: o Erro mudou.
Temos agora uma outra Eternidade,
E era sempre melhor o que passou.

Cega, a Ciência a inútil gleba lavra.
Louca, a Fé vive o sonho do seu culto.
Um novo deus é só uma palavra.
Não procures nem creias: tudo é oculto.


[Fernando Pessoa: em Cancioneiro]

Tuesday, December 23, 2008

O Despertar de Perséfone

Poucos imaginam a Perséfone assim como ela está aí. Loira, feliz cercada de flores sendo a verdadeira rainha da Primavera.
É mais fácil encontrar quem as imagine com os cabelos negros, soturna, imersa em trevas como a Rainha do inferno Cristão. Estes que se dizem magos e pagãos ou até mesmo bruxas, prestam serviços inestimáveis ao cristianismo e a sociedade dominadora, afinal, subvertem a mitologia e demonizam a mulher, algo que os cristãos e dominadores buscam o tempo inteiro, afinal como "Dragas" e Pecadoras é mais fácil exclui-las e domina-las.

Perséfone é filha da loura Deméter e de Zeus, que nasceu monstruosa, uma serpente com chifres e vivia em uma Caverna no interior da Terra. Ela conhecia o segredo da vida indestrutível e por isto deus se uniu a ela. Disfarçado de serpente penetrou deslizando no seio da terra, e embriagou Perséfone com sua baba e se enroscando nela apertou-a num nó, e o nó é o instrumento de Ananké (a necessidade) E a possuiu sem que ela pudesse se defender e gerou nela Zagreus o primeiro Dionisio. As duas serpentes entrelaçadas (que ornamentam o caduceu) geraram o touro o que ara com seu chifre a terra e inicia a agricultura.

Zagreus morre, é morto pelos Titãs, que atraem o menino Deus com brinquedos, e ele foge se transformando em todos os animais até que como touro é sacrificado, desce ao mundo inferior, ainda que seu coração pulse nas mãos de Atena.

Zagreus inicia o novo regime desce ao mundo dos mortos com o coração ainda vivo na terra, é agora o Zeus Ctônico, o "Invisível" Dionisio subterrâneo o Deus dos mortos.
Zagreus é Cultuado como Astérion, o Deus estrela tauricéfalo de Creta, que habita o centro do mundo subterrâneo, onde sua mãe e esposa, Perséfone/Ariadne, (somente as duas possuem o epíteto "puríssima") dança no Labirinto a dança do Grou, onde com um pé só percorre os meandros que levam de um mundo a outro, assim como o grou vai até os antípodas e volta sem se perder.

Dionisio Ctônico liberta antigas deusas do mundo subterrâneo, Hécate e outras Senhoras da Necessidade (Filhas de Urano), subvertendo o mundo de Zeus, exigindo deste a sua mãe, para governar com ele o reino do invisível, o mundo dos mortos.
Assim como Dionisio, leva o mirto de Afrodite para o mundo dos mortos para raptar sua segunda Mãe Seméle, o Dionisio Ctônico negocia a vinha e outras riquezas do seio da terra, para buscar sua mãe Perséfone. Zeus possuiu sua própria mãe transformando Reia em Deméter para gerar Perséfone e agora Dionisio Ctônico queria raptar sua própria mãe e a transformar em Coré a sua pupila, o seu olho no mundo visível, na menina que leva os tesouros do submundo para a luz.

Negociação feita, o mundo dividido, o Ctônico também se divide, e quando usa o gorro de pele de lobo que o faz desaparecer é Hades, o Invisível, e sua mãe é sua rainha, quando tira seu gorro, percorre o mundo da luz com seu cortejo de loucura enquanto sua mãe preside com Deméter o milagre da ressurreição da Terra.
Rapta Perséfone enquanto ela colhia Jacintos, assustada ela reconhece nos olhos de seu captor invisível, o amarelo dos jacintos no olho da serpente que ela havia sido um dia e Grita de terror, pois percebe que agora os mortos voltariam a viver, e que toda a vida teria um ciclo. E que ela seria a doadora desta nova vida, pois passaria um tempo no ínfero mundo, enquanto a mãe Gaia descansa mas voltaria totalmente revigorada, como o grou que volta na primavera.

Dance em espiral louvando a volta de Perséfone, dance no labirinto que mostra em seus meandros o caminho do conhecimento, o caminho do renascimento e comece uma vida nova. É possível renascer .

Sunday, December 21, 2008

A Água ou a Vida e a Morte

Photo de Corinna Rosteck

Chamam por mim as águas,
Chamam por mim os mares.
[Álvaro de Campos]

A poética de Fernando Pessoa é atravessada tão insistentemente por um elemento líquido, que não nos podemos manter alheios à frequencia com que a água brota dos seus versos. E ela aparece de todos os modos: a água-elemento, a água precipitada em humidade, orvalho, chuva ou neve; concretizada na hidrografia-oceano, mar, rio, catarata, regato, lago, charco. Ela banha espaços - praia, cais, porto, doca, ilha, cabo, margem - banha mesmo lugares geográficos, é atravessada por outros espaços - instrumentos - naus, navios, paquetes, barcos, - é suicada por homens ligados ou não à vida do mar - marinheiros, gajeiros, pilotos, capitães, piratas, tripulantes; vive em verbos - correr, passar, embarcar, naufragar, banhar, navegar.
É uma água que pode ser parada ou dinâmica, desejada, aceite, triste, profunda. Só não é contente, nem viva em transparente. Mesmo a fonte, lição de energia e juventude, quando aparece é para secar no momento exato em que o poeta pensa matar nela qualquer sede:

Onde pus a afeição, secou
A fonte logo.
Da floresia, que fui buscar
Por essa fonte ali tecer
Seu canto de rezar -
Quando na sombra penetrei,
Só o lugar achei
Da fonte séca, inútil de se ter.
(Canc. 82)

Para que experiencias oniricas é transportado Fernando Pessoa através da água para tão insistentemente a invocar? Que segredos escondidos o movem para lhe determinarem tal dialéctica, por vezes metalôgica? Vários são os estímulos, conscientes ou inconscientes, conforme a água escolhida e que dependem da sua sede sem nome e sem mitigação. A morte consciente do dia a dia, a morte transportada dentro de si, a fonte primeira da vida, são traduções da água de Pessoa.
[Maria da Glória Padrão, A Metáfora em Fernando Pessoa, 1981]

Fernando Pessoa - poesia e metafísica


Heidegger diz algures que o poeta e o filósofo habitam montanhas muito próximas separadas por profundo abismo. Seria difícil caracterizar esta proximidade e esta separação. Poesia não é filosofia e filosofia não é poesia. A poesia move-se num campo de liberdade espiritual vedado à filosofia; esta, no seu modo austero, parece alheia aos sentimentos mais fundos da vida humana. Enquanto a poesia voa livre e cria o seu próprio movimento e até a própria verdade, a filosofia pretende cingir-se ao real, ser ciência da ultimidade, dos princípios inteligíveis do ser. Poesia e Filosofia opõem-se pela forma de pensamento e de expressão. E contudo a grande poesia, mesmo quando explicitamente não trabalha sobre motivos filosóficos, traz à luz a verdade dos grandes temas humanos. Será sem verdadeiro alento e sem resistência para a doença do tempo aquela poesia que não levar dentro as magnas preocupações dos homens. E aquela filosofia que não for portadora de vida e não suscitar as capacidades humanas de criar imagens e símbolos, não faz história.
Fernando Pessoa é, talvez, o poeta de língua portuguesa em que a poesia e a filosofia mais se aproximam apesar do abismo que as separa, o que sugere várias considerações que parecem merecer atenção. Em primeiro lugar, uma questão de linguagem. O escritor que é poeta, e grande poeta, dá à língua em que se exprime uma ductilidade e maleabilidade que a torna apta para exprimir o pensamento. Um estudo da linguagem de Fernando Pessoa mostraria possibilidades expressivas da língua portuguesa, no domínio da ontologia metafísica, como não conheço em nenhum outro escritor que fale português. Não é minha intenção documentar agora esta afirmação. Em segundo lugar, penso ser caso único na literatura portuguesa, que o tema-base da obra poética de um grande autor seja a meditação metafísica sobre o ser. Creio até, e nisto nos detemos adiante breves momentos, que este é o centro da interpretação de toda a obra pessoana. Interpretação que não só projecta luz sobre a questão tão debatida dos heterónimos, mas sobretudo abre o acesso para a compreensão da temática poético-filosófica de F. Pessoa.

[Celestino Pires
in Revista Portuguesa de Filosofia de Julho-Setembro de 1975]

Saturday, December 20, 2008

Spinoza forever


C’est comme ça. Il y a des noms qui s’imposent tout seuls, Rimbaud, Caravage ou Johnny Halliday. Il en va de même si l’on veut labourer le champ philosophique. Où va se nicher la mythologie absurde qui nous est si chère ? Dans Héraclite ou Aristote ? Chez Merleau-Ponty et Heidegger ? Non. Dans ces exemples pris au hasard, aucune image idiote ne nous monte à l’esprit.
C’est un jeu : si on mettait un peu de moteur dans la métaphysique, Hegel roulerait en Solex, Marx bloquerait les frontières en trente-huit tonnes, Kant conduirait un grosse Mercedes Diesel sièges en cuir. Mais Spinoza, le bon Baruch, impossible de le voir autrement que figé cuir, tête dans le vent, au guidon d’une moto Harley Davidson rouge, mille centimètres cubes, flamboyante et lustrée. C’est ainsi. Ça ne s’explique pas, c’est de l’ordre du transcendant. Spinoza, ne me demandez surtout pas pourquoi, est beaucoup plus rock ‘n roll que Deleuze. (Et Luc Ferry ou Comte-Sponville ne savent même pas faire la différence entre une Fender et une Gibson.)


L’histoire de la philosophie, l’épistémologie et autres équipes de seconde division, c’est comme le reste, ça comporte des seconds couteaux, des rôles annexes, de la figuration, quelquefois des gueules qu’on n’oublie pas. Les stars, ces cerveaux en roue libre qui impriment durablement le cortex liquide des générations, ont quelque chose en plus. Prenez Wittgenstein, qui adorait faire la vaisselle, qui écrit sous les grenades dans une tranchée de la guerre de 14. Très fort. En plus c’était le frère du pianiste à une seule main, pour qui Ravel … (En plus Witt et Spi ont tous les deux écrit un Tractatus, logico-philosophicus pour le premier, théologico-politicus pour le second.) Spinoza, lui, polissait des verres de lunettes. Imparable. C’est bien le seul qui est devenu artisan après avoir refusé d’être mandarin d’université. Avec des anecdotes pareilles, il enfonce nettement Descartes et son poêle, Rousseau et l’Assistance Publique, Platon et ses roustons dans la caverne ou bien Voltaire et son fauteuil à lumbago. Je pressens malgré tout que Spino pourrait être sévèrement concurrencé par un type comme Malebranche (ça me scie), mais presque plus personne ne le lit.
Spinoza, un patronyme qui ne fleure pas les plaines embrumées du Nord, tous ces lebbenitze, obbze, ficht, d-kart, quante, non, un blaze rond, méditerranéen et qui peut facilement rimer avec pizza (un atout poétique essentiel). Spinoza apparaît bizarrement dans de nombreux polars, généralement lus par le tueur en série juste avant qu’il ne débite une victime au couteau électrique. Voilà, Baruch est électrique. C’est de l’ordre de l’impensé radical. On ne peut pas tuer quelqu’un de sang-froid juste après avoir lu Bachelard.
En plus le batave au nom de torero a un avantage certain : il s’est opposé aux églises et en a subi les conséquences. Excommunié tous azimuts. Très fort. Moderne. Libertaire. Un plus, il vivait en Hollande. Descartes, qu’est-ce qu’il a fait en Hollande ? Son cogito/ergo sent déjà bon la fumette, c’est tout. Spinoza, lui a pensé, La Hollande, l’autre pays de la philosophie (berceau plus tard, de Pannekoek et des situationnistes). Au contraire de Hegel, il est seul, n’a pas généré d’école, et on n’a jamais vu des bandes de jeunes gens énervés se nommant les « Jeunes Spinozistes ». C’est pour ça qu’il était évident qu’il puisse quand même y avoir un jour une fraction armée se réclamant de lui.
Spinoza forever !

Bert De Prins

Friday, December 19, 2008

Filosofia antigo

Raphael, A Escola de Athenas

Os antigos filósofos (naturalmente) pensavam muito mais do que liam. Eis porque se agarravam tão tenazmente ao concreto. A imprensa modificou as coisas. Lê-se mais do que se pensa. Não temos hoje filosofias mas apenas comentários, à idade dos filósofos que se ocupavam de filosofia sucedeu a idade dos professores de filosofia que se ocupam de filósofos. Há nesta atitude ao mesmo tempo modéstia e impotência. E um pensador que começasse o seu livro por estas palavras: 'Tomemos as coisas a partir dos seus princípios' ficaria exposto aos sorrisos. Chegou-se ao ponto em que um livro de filosofia que fosse hoje publicado e não se apoiasse em nenhuma autoridade, citação, comentários, etc., não seria tomado a sério. E no entanto ...

Ainda

Ainda (Madredeus) from Lisbon story (Wim Wenders) 1995





Vou dizendo
Certas coisas
Vou sabendo
Certas outras
São verdades
Amizades
Aventuras
Quem alcança
Mora longe
Da mudança
Do seu nome
Alegria
Vã tristeza
Fantasia
Incerteza
São verdades
São procuras
Amizades
Aventuras
Quem avança
Guarda o amor
Guarda a esperança
Sem favor
Ainda
Ainda
Ainda
Ainda


Lyrics & music by Pedro Ayres Magalhães

Koan do Eu verdadeiro


Um homem muito perturbado foi até um mestre Zen, apresentou-se e disse: "Por favor, Mestre, eu me sinto desesperado! Não sei quem eu sou. Sempre li e ouvi falar sobre o Eu Superior, nossa verdadeira Essência Transcendental, e por muitos anos tentei atingir esta realidade profunda, sem nunca ter sucesso! Por favor mostre-me meu Eu Verdadeiro!"
Mas o professor apenas ficou olhando para longe, em silêncio, sem dar nenhuma resposta. O homem começou a implorar e pedir, sem que o mestre lhe desse nenhuma atenção. Finalmente, banhado em lágrimas de frustração, o homem virou-se e começou a se afastar.
Neste momento o mestre chamou-o pelo nome, em voz alta. "Sim?" replicou o homem, enquanto se virava para fitar o sábio. "Eis o seu verdadeiro Eu." disse o mestre.

Wednesday, December 17, 2008

É isso a existência


Quando a ascese é voluntária, pode-se jejuar seis semanas (basta água). Quando é imposta (fome), não mais de dez dias. Reservatório de energia positiva.

Mulher numa terraza de bar. A besta arrebatada do desejo que trazemos enroscada na cavidade dos rins e que se agita com uma suavidade estranha. Imagino-me, que alguem aí em pleno sul, se ponha no caminho no mesmo tempo que eu, e ande para o norte, ao encontro de mim.
É isso não, a existência? Na entrada dum deserto partir a juntar alguém de quem não se sabe nada. E se por uma sorte espantosa nossos caminhos não ficassem demasiado afastados, pudéssemos imaginar que nos distingamos, e mesmo que nos cruzemos ... para saudar-nos, ignorar-nos, trocar umas palavras antes de repartir, com esta última, esta única lembrança: haver encontrado uma cara no sendero, uma sozinha cara, e viver com ela....

tancredo infrasonic

Não nos separarmos do mundo


Pôr de sol, sunset on Ibiza

Não nos separarmos do mundo. Não se perde a vida quando a colocamos à luz do dia. Todo o meu esforço, em todas as posições e desgraças, as desilusões, o sofrimento da doença, é para recuperar os contactos. Contactos com o verdadeiro, a natureza em primeiro lugar, e depois a arte daqueles que compreenderam. E mesmo nesta tristeza que há em mim, que desejo de amar e que inebriamento apenas perante a visão dum pôr de sol na aragem do fim da tarde. A luz e a água e a ambriaguez estão ainda na minha frente, e os lábios humidos do desejo. Desespero sorridente, sem saída, mas que exerce sem cessar um domínio que se sabe inútil. O essencial, não nos perdermos, e não perder aquilo que, de nós, dorme no mundo.

tancredo infrasonic

Há lagrimas nas estações


Há lágrimas nas estações. Não por causa das despedidas. São os retornos os mais terríveis. Porque há a história duma cara que te toca profundamente no coração. É um continente que surge, que deixaste no verão, e que volta durante um inverno, lavrado pelos anos e pelas hesitações. É magnífica uma cara que a história marcou com seu ferro e fogo.
Os abraços dos retornos são desajeitados. As mãos, os braços crêem estreitar ombros que reconheçam, quando são pedaços de gelo, transidos pelo medo e pela estranheza que se deixam enlaçar. Há um hábito de gestos que se pareça reencontrar imediato, como se o tempo não tivesse existido; mas é mais que um corpo, o tempo e um espaço que se deve estreitar nos braços; o espaço dum exílio, com florestas, quilómetros de florestas e estradas misturadas com sonhos de ausência, e tudo isso não se pode estreitar num gesto sòzinho.
Estes abraços nas estações quando um homem e uma mulher se reencontram é o gesto o mais terrível que cada um tenha um dia de viver. Os braços parecem dois remos que tentem atravessar o mar num movimento único... Mas a emoção não pode, em si mesma, suprir as distâncias percorridas por dois mundos que derivavam um do outro por tanto tempo. ....


tancredo infrasonic

Tuesday, December 16, 2008

Lisbon revisited (1926)


Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.
Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infãncia pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

Álvaro de Campos

Monday, December 15, 2008

Autonomía del hombre

Ljubov Sergeevna Popova, El filosofo

La vision antropologica que el hombre tiene un interior, una interioridad, así que nunca se puede reducirlo con su aparencia corporal o exterioridad, esta diformado por el dualismo platonico de cuerpo e alma. Contra esta vision platonico se tornaron los filosofos del siglo 19 y 20, como José Ortega y Gasset:
"En cada momento de mi vida abren ante mi diversas posibilidades: puedo hacer esto o lo otro. Si hago esto, seré A en el instante próximo; si hago lo otro, seré B. En este instante puede el lector dejar de leerme o seguir leyéndome. Y por escasa que sea la importancia de este ensayo, según que haga lo uno o lo otro, el elctor será A o será B, habrá hecho de sí mismo un A o un B. ... Pero el hombre no sólo tiene que hacerse a sí mismo, sino que lo más grave que tiene que hacer es determinar lo que va a ser. ... Si el lector ha resuelto ahora seguir leyéndome en el próximo instante será, en última instancia, porque hacer eso es lo que mejor conceurda con el programa general que para su vida ha adoptado; por tanto, con el hombre determinado que ha resuelto ser. Este programa vital es el yo de cada hombre, el cual ha elegido entre diversas posibilidades de ser, que en cada instante se abren ante él.
Sobre estas posibilidades de ser importa decir lo siguiente: Que tampoco me son regaladas, sino que tengo que inventármelas, sea originalmente, sea por recepción de los demás hombres, incluso en el ámbito de mi vida. Invento proyectos de hacer y de ser en vista de las circunstancias. Esto es lo único que encuentro y que me es dado: la circunstancia. Se olvida demasiado que el hombre es imposible sin imaginación, sin la capacidad de inventarse una figura de vida, de "idear" el personaje que vaa ser. El hombre es novelista de si mismo, original o plagiario.
Entre esas posibilidades tengo que eligir. Por tanto, soy libre. Pero, entiéndase bien, soy por fuerza libre, lo soy quiera o no. La libertad no es una actividad que ejercita un ente, el cual aparte y antes de ejercitarla tiene ya un ser fijo. Ser libre quiere decir carecer de identidad constitutiva, no estar adscrito a un ser determinado, poder ser otro del que se era y no poder instalarse de una vez y para siempre en ningún ser determinado. Lo único que hay de ser fijo y estable en el ser libre es la constitutiva inestabilidad. ...

Ahí está, esperando nuestro estudio, el auténtico "ser" del hombre - tendido a lo largo de su pasado -. El hombre es lo que le ha pasado, lo que ha hecho. Pudieron pasarle, pudo hacer otras cosas, pero he aqui que lo que efectivamente le ha pasado y ha hecho constituye una inexorable trayectoria de experiencias que lleva a su espalda, como el vagabundo el hatillo de su haber. Ese peregrino der ser, ese sustancial emigrante, es el hombre. Por eso carece de sentido poner límites a lo que el hombre es capaz de ser. En esa ilimitación principal de sus posibilidades, propia de quien no tiene una naturaleza, sólo hay una linea fija, preestablecida y dada, que puede orientarnos, sólo hay un limite: el pasado. Las experiencias de vida hechas estrechan el futuro del hombre. Si no sabemos lo que va a ser, sabemos lo que no va a ser. Se vive en vista del pasado.
En suma, que el hombre no tiene naturaleza, sino que tiene ... historia. O lo que es igual: lo que la naturaleza es a las cosas, es la historia - como res gestae - al hombre."
José Ortega y Gasset, Historia como sistema.

Ortega y Gasset elaboro la vision en la identidad del hombre sobre todo en el punto de la autonomía del hombre. Si el hombre tiene una interioridad, es por que en fin es un ente autonomo. Es un causa sui. El es si mismo - un 'autos' - y es responsable por lo que tornara. El hombre no tiene un entidad infinito y incambiable como por ejemplo una piedra o una mesa. El hombre se hace hombre si mismo. Por iso está direcionado intencionalmente por su existencia, entonces tambien en su corporalidad, en el mundo exterior: el hombre existe. En concreto iso implica que el hombre vive en la historia que hace por si mismo. La manera en que el hombre da forma y contenido a sus posibilidades y su libertad caracteriza su identidad, su ser proprio. No es en primera instancia una entidade supra-historica, por ejemplo un dios metafisica, que determina el proprio del hombre, pero el hombre historico y libre mismo. El hombre es el ser que sabe decir "quiero ser un hombre". La vision sobre la interioridad humana no está reducida en Ortega y Gasset al existencia espiritual del hombre. La interioridad del hombre está puesto en el contexto de ser hombre total. Así supera la esquema univisonario y dualistica del 'alma versus cuerpo'.

Bert De Prins

Saturday, December 13, 2008

Là-bas, je ne sais où





Marinetti Acadêmico

Véspera de viagem, campainha...
Não me sobreavisem estridentemente!

Quero gozar o repouso da gare da alma que tenho
Antes de ver avançar para mim a chegada de ferro
Do comboio definitivo,
Antes de sentir a partida verdadeira nas goelas do estômago,
Antes de pôr no estribo um pé
Que nunca aprendeu a não ter emoção sempre que teve que partir.
Quero, neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,
Estar ainda um bocado agarrado à velha vida.
Vida inútil, que era melhor deixar, que é uma cela?
Que importa?
Todo o Universo é uma cela, e o estar preso não tem que ver com o tamanho da cela.

Sabe-me a náusea próxima o cigarro. O comboio já partiu da outra estação...
Adeus, adeus, adeus, toda a gente que não veio despedir-se de mim,
Minha família abstrata e impossível...
Adeus dia de hoje, adeus apeadeiro de hoje, adeus vida, adeus vida!
Ficar como um volume rotulado esquecido,
Ao canto do resguardo de passageiros do outro lado da linha.
Ser encontrado pelo guarda casual depois da partida —
"E esta? Então não houve um tipo que deixou isto aqui?" —
Ficar só a pensar em partir,
Ficar e ter razão,
Ficar e morrer menos ...

Vou para o futuro como para um exame difícil.
Se o comboio nunca chegasse e Deus tivesse pena de mim?

Já me vejo na estação até aqui simples metáfora.
Sou uma pessoa perfeitamente apresentável.
Vê-se — dizem — que tenho vivido no estrangeiro.

Os meus modos são de homem educado, evidentemente.
Pego na mala, rejeitando o moço, como a um vicio vil.
E a mão com que pego na mala treme-me e a ela.

Partir!
Nunca voltarei,
Nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.

Partir! Meu Deus, partir! Tenho medo de partir!...

Álvaro de Campos


Friday, December 12, 2008

O Coro das Ninfas


O Coro das Ninfas:
- Que rémedio deste aos humanos contra o desespero?

Prometeu:
- Dei-lhes uma esperança infinita no Futuro
[Ésquilo, in Prometeu Acorrentado]

Adormeceu: ...................................................



Dormiu

Causa mortis, inaniçao, morte.



E dormimos, todos,
o sono dos justos:



In, In Memoriam;
In, in Infamiam;

In, in Injustitiam;


Prozac!

Thursday, December 11, 2008

Désir de vie


Tout désir de vie est un désir sans limite.

Nous sommes l'objet et le sujet d'une alchimie quotidienne dont nous demeurons le plus souvent dans l'ignorance, nous étonnant de ses effets comme d'un hasard heureux ou malheureux. La peur, la culpabilité, le mépris de soi, la tête qui met tout au revers du concret y déterminent sans que nous y prenions garde un processus de dissolution où la vie se cancérise et pourrit. La force de la maladie et de la mort, c'est de nous faire croire qu'elles ne sont pas de notre ressort. Mais allez donc, dans l'apathie dominante et l'esprit de corruption, parler d'une opération quotidienne où primerait sur toute préocupation le soin de choisir ses émotions, ses sentiments, ses sensations, ses désirs afin d'en tirer par transmutation cet or de la jouissance qui est l'éternelle présence de la vie!

Tuesday, December 9, 2008

Mulheres na Janela


Mulheres na Janela

Quem são ... quem esperam ... ?



Vira o pescoço ...


Os olhos, expressão

de estranhamento



E Buddha nasceu no
Oriente

tancredo infrasonic

Vôo


Desactivo o aparelho do tempo
e vôo...infinito vôo.

Os homens


Os homens são como gajos pikenos, obedientes. Vivem como aprendiam de viver. Quando o tempo esta vindo de deixar a sua mãe, dizem, "dacordo, ma preciso duma mulher, tenho direito à uma certa quantidade de mulher, somente pra mim, preciso duma mulher na minha cama, à minha mesa, uma mãe para os crianças e pra mim quem fica sempre incuravel da minha infançia". E por que acham que a melhor maneira de ter uma mulher ainda é de casar-se com uma, assim tomam matrimonio como tomam uma praga mais, um biscate mais como o trabalho salarial, ou as compras à fazer os sabados.

Quando têm a sua mulher, não pensam mais nela, jogam com um computador, reparam um armariozinho, ou passam o apparador de grama no fondo do jardim. Isso é a sua maneira de descansar duma vida vivida como uma praga, é a sua maneira de partir sem partir. Com o casamento algo se acaba pra os homens.

Para as mulheres, ao inverso, algo começa. Desde a adolescencia as mulhers vão direito na sua solidão. Vão tão direito que se casam com ele. A solidão pode ser um abandono e pode ser uma força. No casamento as mulheres descobram os dois. O casamento é uma historia muitas vezes querida pelas mulheres e somente por elas, sonhada nas profundas so por elas, portada so por elas, e isso faz que as vezes têm farto disso e desertam, 'quitte' à estar sozinha, ao menos estar sozinha plenamente.....

tancredo infrasonic

Destino


Toma vos mesmos aparte, centra-vos no seu mesmo, fora das considerações que podem vir de fora, fora dos preocupações e limitaçoes e pergunta-vos.

"Em que encontrei o meu destino, a minha sorte hoje, agora ....... "

cada vez que estais preocupado pelas coisas que nos assaltam de fora ....

Como viver sem paixão


Que l'homme surmonte la colère par l'amour."

Bouddha

Calligraphie de Hassan Massoudy

Como viver sem paixão? isso chamaria-se 'deixando viver-se'. Como amar sem paixão ????, mesmo na temperança do amor fica presente a paixão.

Não é a paixão puro que rouba a liberdade (nem a temperança do amor), ma as ilusões que acompanham, quais vêm detras. Ninguem tem de ser escrava de ninguem, a paixão com sentimento puro não se confunde com o desejo de apropriar, este desejo que é o sede de ciumes.

Sim sei que ha a paixão puro como sofrimento (como o paixão do Cristo) ma aqui falo sobre a paixão como extase .... sentimento puro de liberdade e de alegria. Este sentimento que não deseja apropriar ma sim união, liberdade e alegria .... e é tudo o contrario do tedio que se encontra no estado depaixonado em que somente sobrevive-se com a ajuda de ilusões. Viver a vida apaixonado na cara do morte certo, isso chamo ser humano.

Para saber amar "a tudo dar sem nada pedir" precisa-se exatamente de muito paixão .... Ma no amor "tudo dar" sem receber tampoco chamo isso amor, no amor se espera açeitação e respeito reciproco. Amor simplesmente é coisa de duas pessoas ... que saibam viver-o apaixonadas. Mas o amor é muitas vezes confundida com posse.

Qual é o problema com posse? Um dos condições de ser normal exatamente é de saber deixar a distância entre se mesmo e os outros. Uma das condiçoes da psicosis é o não deixar a distância, no psicosis o subjeto quer apropriar-se completo do outro ou (sim no limite até o Annibal Lector né) ou se sente completamente invadido pelos outros, pelo mundo. Ex-istere quer dizer pôr-se para fora. Neste sentido o desejo de posse no paixão é um estado de neurosis limitado, limitado à certas condições, à certa reciprocidade, a doce neurosis de amar, de gostar comer-se ... quanto os ciumes são ja um 'début' de neurosis ..... gradavel, ma temos todos ciumes que queremos ou não por que somos humanos, os ciumes formam parte da nossa pessoa (em contra do 'ego'), somente ha de saber viver e acceptar esta pessoa, estes lados negros, acceptar os ciumes para melhor deixar-os.

Não exsite um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

Bert De Prins

Tao


Como descrever à uma rã, que vive no fondo dum poço

a vastidão do oceâno?

A rã não te perceberás.

Chuang-tzu


Erasmus ja no seu tempo disse: ‘Sou cidadão do mundo’. Ou melhor ‘Quero ser cidadão do mundo’. Antes, na nossa infancia os limites da aldeia foram os limites do mundo. Hoje o mundo tornou-se tao pequeno pelos meios de communicação que o viagem de Jules Verne à volta do mundo em oitenta dias é algo para o antiquariato. O padre Ferdinand Verbiest partiu de Lisboa dia 4 de Abril 1657 e chegou em Macao dia 17 Julho 1658 ; exatamente em 468 dias. Agora voamos para China em 17 horas, isso é 660 vezes mais rapido. Mas significa isso que os nossos conhecimentos da filosofia chino se multiplicaram com o mesmo factor?

Desde o tempo dos descubrimentos, sustentado fortemente pelo universalismo do cristianismo, um Europeu representa-se como vivendo no centro do mundo. Não ha nenhum razão para o fato que o meridiano de Greenwich inicialmente correu pelas Islas Canarias e depois por Greenwich, se não que achávamos normal que o mundo tivesse seu origem aqui. Quando os jesuítas descobriram que os Chinos pensaram o mesmo, desenharam (le bon Dieu en poche) um mapa do mundo com o meridiano por Peking – somente para uso local. O eurocentrismo – um fenómeno bastante normal no século XVI – também exprime-se no costume geográficamente absurdo de considerar Europa, apenas uma península Aziatico, como um continente. Desde que percebíamos que o mundo é um globo, faz tempo que percebemos também que num globo não ha centro – ou qual é o mesmo que cada ponta é o centro. A palavra greco theorein (pensa em ‘theatro’) significa ‘distante’, ‘assistir-não-implicado’. En theorein ta Olumpia significa ‘assistir como espectador aos jogas Olympicas’. Filosofia ficou muito, também pelo exigencia da objectividade, theoria. Por isso nasce muitas vezes uma discrepancia serio entre theoria e realidade. A civilisação Europeu que seja portado pelo doctrina cristiano-etica, também foi motivado por uma fome guloso economico. Na China uma filosofia chamava-se um tao, um caminho em que passear-se. Por isso é um conceito que refire-se à vida real. Isso tudo tem consequência que theorias são muito mais elaborados e que a filosofia occidental chegou, no primeiro visto, num nivel mais alto que o chino. Mas um tao é uma questão de experiência que tivéssemos adquiridos. Quando comparecemos filosofias não podemos limitar-nos aos struturas superficiais. Ou melhor dizer: não devemos obcecar-nos pelo skyline da construção filosofica como presenta-se na realidade academico, mas temos de perguntar-nos em que fundamento esta baseado. São precisamente estes fundamentos mais profundos que temos de comparecer. Por que sera claro que os fundamentos da tradiçao do pensamento grego-occidental diferam fortemente da tradição chino ou hindu. Cada cultura, e especialmente o occidental, tem a tendência de considerar seus proprios opiniões e conceitos como criterias universais. Isso resulta num imperialismo espiritual.

Bert De Prins

O Autoconhecimento (Krishnamurti)


O autoconhecimento é o começo da sabedoria. É cultivado pela busca individual de si mesmo. Não estou colocando o indivíduo em oposição à massa (ao coletivo). Eles não são antíteses. Você, o indivíduo, é a massa, é o resultado da massa. Em nós, como você vai descobrir se entrar nisto profundamente, se encontra a multiplicidade e o particular. É como um córrego que está constantemente fluindo, deixando pequenos redemoinhos, e a estes redemoinhos chamamos de individualidade, mas eles são o resultado desse constante fluxo de água. Seus pensamentos-sentimentos, aquelas atividades mentais-emocionais, não são o resultado do passado, do que chamamos a multiplicidade? Você não tem pensamentos-sentimentos similares aos do seu vizinho? Assim, quando falo de indivíduo, não o estou colocando em oposição à massa, ao coletivo. Ao contrário, quero remover este antagonismo. Este antagonismo que coloca em oposição a massa e você, indivíduo, cria confusão e conflito, crueldade e miséria. Mas se pudermos entender como o indivíduo, você, é parte do todo, não apenas misticamente, mas realmente, então nos libertaremos de modo feliz e espontâneo, da maior parte do desejo de competir, de ter sucesso, de iludir, de oprimir, de ser cruel, ou de se tomar um seguidor ou um líder. Então veremos o problema da existência de modo diferente. E é importante entender isto profundamente. Enquanto nos virmos como indivíduos, separados do todo, competindo, obstruindo, em oposição, sacrificando o coletivo pelo particular, ou sacrificando o particular pelo coletivo, todos aqueles problemas que surgem deste conflitante antagonismo não terão solução feliz e duradoura, pois são o resultado do pensar-sentir incorreto.

(Krishnamurti)

Monday, December 8, 2008

Mientras atrapes (Rilke)


Mientras atrapes únicamente aquello que se arrojó a sí propio, todo será mera destreza y ganancia por demás prescindible; sólo cuando, de pronto, te conviertas en captor de aquella pelota que te lanza ese eterno coparticipante en el juego --tu centro-- con impulso bien dominado y preciso, describiendo uno de aquellos grandiosos arcos con los que Dios construye sus puentes-- sólo entonces tu habilidad para recoger la pelota será inmensa fortuna, y no sólo tuya, no, sino de un mundo entero. Pero si, además, tuvieras el valor y la fuerza de devolverla, arrojándola tú a tu vez; si aún más maravillosamente, olvidaras fuerza y valor y ya hubieras lanzado... (como la estación avienta los pájaros, las bandadas de aves viajeras que una calor que envejeció arroja, allende los mares, a una calor juvenil), entonces, y por correr ese riesgo, estarías participando válidamente en el juego. Ya no te aligerarás ni te entorpecerás a ti mismo el lanzamiento. De tus manos parte el meteoro y se interna raudo en su espacio...
(Rainer Maria Rilke)

"Não importa qual seja nosso destino específico, desde que o enfrentemos com o máximo de abandono..." Carlos Castaneda, The Teachings of Don Juan (Os Ensinamentos de Dom Juan)

Einstein y Tagore


Conversación entre Rabindranath Tagore y el profesor Albert Einstein, en la tarde del 14 de julio de 1931, en la residencia del profesor Kaputh (publicada en "Modern Review", Calcuta, 1931). (Extraído del libro ¿Tan solo una ilusión? De Ilya Prigogine).

Einstein- ¿Cree usted en lo divino aislado del mundo?

Tagore- Aislado no. La infinita personalidad del Hombre incluye el Universo. No puede haber nada que no sea clasificado por la personalidad humana, lo cual prueba que la verdad del Universo es una verdad humana.

He elegido un hecho científico para explicarlo. La materia está compuesta de protones y electrones, con espacios entre sí, pero la materia parece sólida sin los enlaces interespaciales que unifican a los electrones y protones individuales. De igual modo, la humanidad está compuesta de individuos conectados por la relación humana, que confiere su unidad al mundo del hombre. Todo el universo está unido a nosotros, en tanto que individuos, de modo similar. Es un universo humano.

He seguido la trayectoria de esta idea en arte, en literatura y en la conciencia religiosa humana.

E.- Existen dos concepciones distintas sobre la naturaleza del Universo:
1)El mundo como unidad dependiente de la humanidad, y
2)El mundo como realidad independiente del factor humano

T.- Cuando nuestro universo está en armonía con el hombre eterno, lo conocemos como verdad, lo aprehendemos como belleza.

E.- Esta es una concepción del universo puramente humana.

T.- No puede haber otra. Este mundo es un mundo humano, y la visión científica es también la del hombre científico. Por lo tanto, el mundo separado de nosotros no existe; es un mundo relativo que depende, para su realidad, de nuestra conciencia. Hay cierta medida de razón y de gozo que le confiere certidumbre, la medida del Hombre Eterno cuyas experiencias están contenidas en nuestras experiencias.

E.- Esto es una concepción de entidad humana.

T.- Sí, una entidad eterna. Tenemos que aprehenderla a través de nuestras emociones y acciones. Aprehendimos al Hombre Eterno que no tiene limitaciones individuales mediadas por nuestras limitaciones. La ciencia se ocupa de lo que no está restringido al individuo; es el mundo humano impersonal de verdades. La religión concibe esas verdades y las vincula a nuestras necesidades más íntimas, nuestra conciencia individual de la verdad cobra significación universal. La religión aplica valores a la verdad, y sabemos, conocemos la bondad de la verdad merced a nuestra armonía con ella.

E.- Entonces, la Verdad, o la Belleza, ¿no son independientes del hombre?

T.- No

E.- Si no existiera el hombre, el Apolo de Belvedere ya no sería bello.

T.- No

E.- Estoy de acuerdo con esta concepción de la Belleza, pero no con la de la Verdad.

T.- ¿Por qué no? La verdad se concibe a través del hombre.

E.- No puedo demostrar que mi concepción es correcta, pero es mi religión.

T.- La belleza es el ideal de la perfecta armonía que existe en el Ser Universal; y la Verdad, la comprensión perfecta de la mente universal. Nosotros, en tanto que individuos, no accedemos a ella sino a través de nuestros propios errores y desatinos, a través de nuestras experiencias acumuladas, a tavés de nuestra conciencia iluminada; ¿cómo si no, conoceríamos la verdad la Verdad?

E.- No puedo de mostrar que la verdad científica deba concebirse como verdad válida independientemente de la humanidad, pero lo creo firmemente. Creo, por ejemplo, que el teorema de Pitágoras en geometría afirma algo que es aproximadamente verdad, independientemente de la existencia del hombre. De cualquier modo, si existe una realidad independiente del hombre, también hay una verdad relativa a esta realidad; y, del mismo modo, la negación de aquella engendra la negación de la existencia de ésta.

T.- La verdad, que es una con el Ser Universal, debe ser esencialmente humana, si no aquello que los individuos conciban como verdad no puede llamarse verdad, al menos en el caso de la verdad denominada científica y a la que sólo puede accederse mediante un proceso de lógica, es decir, por medio de un órgano reflexivo que es exclusivamente humano. Según la filosofía hindú, existe Brahma, la Verdad absoluta, que no puede concebirse por la mente individual aislada, ni descrita en palabras, y sólo es concebible mediante la absoluta integración del individuo en su infinitud. Pero es una verdad que no puede asumir la ciencia. La naturaleza de la verdad que estamos discutiendo es una apariencia - es decir, lo que aparece como Verdad a la mente humana y que, por tanto, es humano, se llama maya o ilusión.

E.- Luego, según su concepción, que es la concepción hindú, no es la ilusión del individuo, sino de toda la humanidad...

T.- En ciencia, aplicamos la disciplina para ir eliminando las limitaciones personales de nuestras mentes individuales y, de este modo acceder a la comprensión de la Verdad que es la mente del Hombre Universal.

E.- El problema se plantea en si la Verdad es independiente de nuestra conciencia.

T.- Lo que llamamos verdad radica en la armonía racional entre los aspectos subjetivos y objetivos de la realidad, ambos pertenecientes al hombre supra-personal.

E.- Incluso en nuestra vida cotidiana, nos vemos impelidos a atribuir una realidad independiente del hombre a los objetos que utilizamos. Lo hacemos para relacionar las experiencias de nuestros sentidos de un modo razonable. Aunque, por ejemplo, no haya nadie en esta casa, la mesa sigue estando en su sitio.

T.- Sí, permanece fuera de la mente individual, pero no de la mente universal. La mesa que percibo es perceptible por el mismo tipo de conciencia que poseo.

E.- Nuestro punto de vista natural respecto a la existencia de la verdad al margen del factor humano, no puede explicarse ni demostrarse, pero es una creencia que todos tenemos, incluso los seres primitivos. Atribuimos a la Verdad una objetividad sobrehumana, nos es indispensable esta realidad que es independiente de nuestra existencia, de nuestras experiencias y de nuestra mente, aunque no podamos decir qué significa.

T.- La ciencia ha demostrado que la mesa, en tanto que objeto sólido, es una apariencia y que, por lo tanto, lo que la mente humana percibe en forma de mesa no existiría si no existiera esta mente. Al mismo tiempo, hay que admitir que el hecho de que la realidad física última de la mesa no sea más que una multitud de centros individuales de fuerza eléctricas en movimiento es potestad también de la mente humana.

En la aprehensión de la verdad existe un eterno conflicto entre la mente universal humana y la misma mente circunscrita al individuo. El perpetuo proceso de reconciliación lo llevan a cabo la ciencia, la filosofía y la ética. En cualquier caso, si hubiera alguna verdad totalmente desvinculada de la humanidad, para nosotros sería totalmente inexistente.

No es difícil imaginar una mente en la que la secuencia de las cosas no sucede en el espacio, sino sólo en el tiempo, como la secuencia de las notas musicales. Para tal mente la concepción de la realidad es semejante a la realidad musical en la que la geometría pitagórica carece de sentido. Está la realidad del papel, infinitamente distinta a la realidad de la literatura. Para el tipo de mente identificada a la polilla, que devora este papel, la literatura no existe para nada; sin embargo, para la mente humana, la literatura tiene mucho mayor valor que el papel en sí. De igual manera, si hubiera alguna verdad sin relación sensorial o racional con la mente humana, seguiría siendo inexistente mientras sigamos siendo seres humanos.

E.- ¡Entonces, yo soy más religioso que usted!

T.- Mi religión es la reconciliación del Hombre Suprapersonal, el espíritu humano Universal y mi propio ser individual. Ha sido el tema de mis conferencias en Hibbert bajo el título de "La religión del hombre".