Monday, January 19, 2009

Escrever (Nietzsche)


"De todo o escrito só me apraz aquilo que uma pessoa escreveu com seu sangue. Escreva com sangue e aprenderá que o sangue é espírito.

O que escreve em provérbios e com sangue não quer ser lido, mas decorado. Nas montanhas, o caminho mais curto é o que dista de cimo a cimo; mas para tanto é necessário ter pernas altas. As máximas devem ser cumeeiras, e aqueles a quem se fala devem ser homens altos e robustos.

Vós olhais para cima quando quereis elevar-vos. Eu, como me encontro no alto, olho para baixo.”

Poucos escreveram como Nietzsche. E ele sabia disso. No reino da língua alemã, colocava seu “Zaratustra” bem atrás de Goethe e Lutero. Ou talvez até junto deles. (Possivelmente na frente.) Por menor que tivesse sido o impacto de sua obra na História do Pensamento, Nietzsche já poderia ter sido considerado, em termos literários, um “clássico”. Mas foi mais.

“A desproporção entre a grandeza de minha tarefa e a pequeneza de meus contemporâneos, alcançou sua expressão no fato de que nem me ouviram, nem sequer me viram.”

No anonimato de quem custeava as próprias edições, no descrédito de quem não conseguia ministrar cursos regulares nas universidades, e na solidão de quem derrubava os alicerces morais do homem moderno, Nietzsche acabou por extirpar os resquícios da herança judaico-cristã, enquanto terminava de matar Deus — fazendo nascer a raça do Übermensch, o Overman, o Sobre-Homem, o Além-Homem ou, como dizem, o “Super-Homem”.

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